Aqui está um texto que escrevi, mas parece que me foi dado. Tive que
parar o que estava fazendo, colocá-lo no papel, pois não havia sossego.
Havia uma inquietação, de um portal do tempo que se abrira para mim,
horas depois do primeiro parto que participei como Doula. Alguns
mistérios transpessoais que vivenciei após poder sentir a força do
nascimento de uma vida humana.
Hoje em especial re-compartilho este texto, pois termino a semana depois de quatro semanas cheias de desafios
e muitas vitórias. Colocar fé na vida, fé no Universo que tem
sabedoria, topar aceitar tudo que atravessa meu caminho como mestres que
tem algo para ensinar: pessoas, teorias, família, trabalho, livros,
filmes e músicas. Todos eles. Qualquer um. Gratidão a vocês. Aqui, vou
seguindo. Cada vez mais aflorando e despertando meu feminino, minha intuição, meu
amor.
Aproveitem o texto. Grande abraço!
Um pensamento sobre o mistério da vida
Sempre sabia que havia mais segredos no mundo, do que eu os
pudesse desvendar.
Lembro-me de algumas imagens que gravei em minha memória no
momento exato em que as revivo nos dias de hoje.
Vem como uma fotografia ligada a um sentimento de “isso
parece importante, talvez mais tarde...”
Aconteceu algumas vezes...
Hoje em especial trato de uma memória sobre um reportagem
que li em algum jornal, na minha adolescência: uma Psicóloga que acompanhava os
bombeiros em emergências com gestantes em trabalho de parto. Pensei: “seria um
trabalho incrível que eu poderia fazer!”
O tempo passou. Fiz minha faculdade de Psicologia e muitos
caminhos se apresentaram pra mim: trabalhos em grupo, trabalhos em psicologia
social, psicologia clínica...
Também muitos percalços na vida.
E eu engravidei. Minha filha veio ao mundo em um parto
cesariana, por minha escolha e então vieram as consequências.
Consequências estas que fui lidando,
observando e, com a paixão que uma psicóloga tem em entender o porquê, fui pesquisando
e agindo para melhorar tudo o que fosse possível na relação com minha filha.
Hoje eu entendo que tive o tipo de parto que precisava ter.
Pois por ele aprendi e cresci.
Em minha busca por este entendimento, descobri o trabalho da
Doula, que é “aquela que serve”. No contexto atual, aquela que serve outra
mulher que está em trabalho de parto, dando suporte físico e emocional para que
aconteça o parto natural, para tratar as mulheres com respeito e recepcionar as
crianças com mais amor.
Comecei a descobrir mais dos mistérios da vida.
Senti lá no fundo, poder
fazer um mundo melhor. Afinal eu mesma havia nascido de parto normal,
então de algum jeito, eu já conhecia este mistério.
Em poucos anos após o parto da minha filha, fiz o curso onde
treinavam novas Doulas para atuar neste cenário que estava surgindo: o do parto
humanizado.
Algumas crises, inseguranças atrasaram meu caminhar por um
ano até que pude vivenciar conscientemente o mistério da vida chamado parto,
pela primeira vez.
Um dia depois da minha primeira experiência como Doula, me
recordo da reportagem que li certa vez...
Eu não consigo explicar ou decifrar este mistério que
vivenciei, mas consigo reconhecê-lo. Reconhecer e dar-lhe a importância de
tanto falavam.
E eu encontrei um lugar neste mistério, que não preciso
explicar, mas posso sentir.
Jhoziellen e seu filho Elias - 24/06/2016
(imagem autorizada)